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1 de agosto de 2010

Além do mouse


As vantagens da internet e do computador para quem já passou dos 60



Aprender informática pode representar muito mais que o domínio de uma nova tecnologia. Para os idosos que superam esse desafio, lidar com o computador revela outras potencialidades, eleva a autoestima e os insere na atualidade. Fica mais fácil entender o mundo.

Essas e outras descobertas estão no livro Terceira idade e informática – aprender revelando potencialidades, da psicóloga e pedagoga Vitória Kachar. Um desdobramento da tese de doutorado da autora, a obra "resgata o potencial intelectual de pessoas da terceira idade, mostrando como a informática pode criar condições para que elas se desvelem para a vida em vez de ficarem reclusas em seus mundos de memórias e do passado", conforme o orientador do trabalho, José Armando Valente, no prefácio do livro.

Vitória explica que a idéia da tese surgiu quando ingressou na Universidade Aberta da Terceira Idade (Uati), da PUC-SP, para lecionar informática. O objetivo, segundo ela, não era fazer apenas com que os alunos dominassem as técnicas, mas mostrar também como a informática pode trazer à tona outros talentos. "Quando as aulas começaram, percebi que eles estavam entusiasmados por aprender algo novo. A expectativa no início é alta e eles querem tornar-se experts. Fui testemunha desses aprendizes, o que me deu embasamento para escrever a tese", diz.

De acordo com a autora, são diversos os motivos que levam essas pessoas a superar o medo da máquina para dominar a tecnologia. Entretenimento, o desejo de manter-se atualizado e a maior interação com os "brinquedos eletrônicos" dos netos são alguns deles. "No início, os alunos demonstram o medo da novidade, mas logo é superado pela vontade de aprender", aponta Vitória. Além do temor, os idosos enfrentam ainda algumas dificuldades iniciais, como utilizar o mouse e identificar os ícones.

Com o passar do tempo, os obstáculos vão dando lugar aos potenciais descobertos e à felicidade em produzir algo novo. Vitória conta que a alegria é grande quando os alunos escrevem seus próprios textos e conseguem imprimi-los. Tanto que ficam orgulhosos e mostram as conquistas aos familiares. "Quando dominam a informática, os idosos se sentem valorizados, inseridos no mundo contemporâneo, e passam a entender melhor as transformações da atualidade", destaca ela.

O jornal Compuctador foi a forma encontrada de expressar o talento revelado pelas aulas. Incentivados por Vitória, os alunos escrevem os textos para o veículo, nas versões impressa e digital. Segundo ela, o jornal é um espaço para a maturidade mostrar a sua cara e romper preconceitos. "O idoso é tido como incapaz, e no curso eles provam que têm sonhos, são ativos e podem produzir", argumenta. Prova disso são os poetas, colunistas e escritores descobertos nas aulas. Não é à toa, portanto, que a demanda pelo curso cresce a cada ano. Um exemplo que deve ser seguido.


Terceira Idade e Informática – aprender revelando potencialidades
Vitória Kachar
Cortez Editora, 208 páginas

Vitória Kachar, psicóloga, pedagoga pela UNISANTOS. Mestre e doutora em Educação pela PUC/SP. Cinéfila, aprecio literatura, música, teatro e as artes em geral. Considero-me uma eterna educadora e aprendiz da vida, com vinte anos atuando na formação de professores em Mídias e Tecnologias na Educação e, há vinte cinco na docência, nos vários níveis da Educação Básica e Ensino Superior. Atualmente, professora na graduação e pós-graduação na Universidade IMES, Universidade São Judas Tadeu e na HOTEC. Avaliadora do INEP de cursos de Ensino Superior e Avaliadora em Educação a Distância do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.

Criadora e Coordenadora do Jornal Maturidades: um sonho que começou ao ministrar aulas para a turma da UAM da PUC/SP, no cultivo da escrita poética e do resgate de memórias, re-significando-as no momento atual.

Dois Livros publicados:

KACHAR, Vitória. Terceira idade e Informática: aprender revelando potencialidades. São Paulo: Cortez, 2003.

KACHAR, Vitória (org.). Longevidade: um novo desafio para a educação, São Paulo: Cortez, 2001.

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